quinta-feira, 28 de junho de 2012

A relatividade absoluta.


Em 1905, Alberto Einstein publicou a Teoria da Relatividade. 90% da população não leu, mas tomou como verdade que "Tudo é relativo" e usam isso para falar de qualquer coisa. Eu olho para o mundo lá fora e não vejo essa relatividade tão óbvia como muitas pessoas veem. Percebo que as folhas das árvores são verdes: mais claros ou mais escuros, mas verde. Quando chega o outono e as folhas ficam amareladas, o verde deixa de existir naquela folha, mas não deixa de existir. Neste caso, o que é relativo é o olhar humano, afinal, nem todas as pessoas gostam de verde e se procurarmos bem, encontraremos pessoas que gostariam que as folhas fossem rosa ou vermelha. E assim funciona com todas as cores. Elas existem, elas mudam sem deixar de existir e o gosto humano sobre elas é relativo.

Numa aula de filosofia dessa semana, o professor fez um comentário semelhante acerca dos números. Eles existem independente do homem. O homem, pela linguagem, atribuiu um sentido, porém, se o homem não existisse, 1 unidade de cavalo + 1 unidade de cavalo, seriam 2 cavalos. Números são abstrações e, ao mesmo tempo, são concretos mas nada relativos: 2 + 2 são 4 aqui, no Japão ou em Marte. 

Diante desses pontos, há quem diga que, na natureza, tudo está sempre mudando. Mas essas mudanças são sempre as mesmas: as folhas que nascem na primavera e caem no inverno, a maré que muda todo dia, os animais que nascem e morrem. Assim, mesmo numa dialética natural, há coisas permanentes. Na Grécia Antiga, filósofos pré socráticos já discutiam sobre isso. Enquanto Heráclito afirmava o seu Panta Rei (Tudo Flui), Parmênides percebia que as coisas eram sempre as mesmas. Então veio Empédocles e percebeu que os dois estavam corretos em algum ponto. A relatividade está por toda parte. No lugar em que há olhar humano, há coisas relativas. Mas na natureza mais pura, a relatividade é algo absoluto. 

Sendo assim, acho absurdo quem grita aos quatro ventos que não existem verdades absolutas. O universo é uma verdade, eu existo, passarinhos existem, plantas existem. Me parece que afirmar "Tudo é relativo" é mais uma fuga de discussões, de um pensar de forma mais profunda. É como se a preguiça de se questionar estivesse se agravando dia após dia. Ao deixarmos tudo relativo, abrimos as portas para afirmar que nada mais tem importância.

sábado, 23 de junho de 2012

Sonhos estranhos

Quando não faz sentido,
mas mesmo assim ele é atribuído.
Quando não se conhece o lugar,
mas você sabe onde está.
Quando não se vê o rosto da pessoa,
mas você sabe quem é.

O tecido não deixa nada escapar,
a teia é complexa, o ar é rarefeito.
Uma hora se está aqui,
outra acolá.

Sem um justo meio para se assentar,
apenas uma preocupação.
É a toa, mas não é tola.
O tempo não, mas o pensamento voa.

Nada melhor do que a ralidade:
depois de cair, você sempre acorda.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Morte (Breve)

Morrer não é breve
Como dizem por aí
Breve é o momento que a antecede
Breve é o medo que sentimos de morrer
Breve é a dor que nos mata
Nos corrompe a alma
Breve é nascer
O resto é morrer
E morrer não é breve.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Vida (Breve)


A vida não é breve
como dizem por aí
Breve é a felicidade
Breve são os amores
Breves são as chuvas
E os dias secos
Breve são as lágrimas
Breve é o preço que se paga
Pelo sim
Pelo não
Breve são os ventos de dias otimistas
Breves são as notícias dos jornais
Breve é a morte
O resto é vida
E a vida não é breve.

Maravilhas do Mundo

Quero ir pela primavera,
Tirar a camisa,
Meter a mão no acelerador.
Não quero ficar parado.
Quero ir num disco voador.

Estacionar no lugar mais alto,

Olhar ao longe...
Até o pensamento é o mesmo...
Atrair uma tempestade,
Só pra deslizar.

Parece aquele jogo de vídeo game,
Mas com a pele mais sensível.
E, antes de voltar pra casa,
Ainda brincamos com a água.
.
Guiomar Baccin

sábado, 2 de junho de 2012

O empresário e o hippie


Era uma vez, dois meninos: um loiro e magro, outro moreno e baixo, mas isso não vem ao caso. O caso é que foram amigos desde criança, mas cresceram e foram pra faculdade. Perderam o contato nesse tempo e nunca se encontraram durante as férias. Eram os tempos antes da internet (não muito antes), tudo era mais complicado.

Qual foi o curso de cada um, também não interessa; interessa o ser que cada um formou nesse meio tempo: o loiro e magro virou empresário, o moreno e baixo virou hippie.

Já formados se encontraram e se assustaram com o que o outro havia se tornado, mas foram juntos tomar cerveja e discutir o caso. Cada um tinha um bom argumento pra vida que escolhera: liberdade; conforto; vida sem rotina; estabilidade; não se prender a alguém; mulher e filhos. Assim foi a discussão por um longo tempo. 

Depois desse dia, levou anos para se encontrarem novamente. E foi um susto no dia em que isso aconteceu: o loiro e magro agora era hippie e o moreno e baixo virou empresário.

Nunca mais foram felizes.