segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Apelo (III) - As cinco ilusões do amor

A coragem compulsiva e controladora aflora em minha pele fria e mórbida...
Ouço uma breve voz que chama, que espera e clama por mim.
Eu ando mais depressa, mas já sei que não chegarei jamais...
Talvez o chegar não se faça possível a mais ninguém e eu apenas componho o grupo dos esperançosos.
Se, eu mentir sobre o desespero e a dor que sinto em meu corpo esmagado ao chão, levaria um tempo extra tentando me convencer que não estou apelando para algo maior. Talvez um milagre.
Eu quero, eu busco, eu desejo. Eu enfraqueço e emudeço minha face, pois tais ações só trazem a angustia e a solidão já anunciadas.
Uma música triste toca repetidamente e eu me agarro em orações vazias. Cheias de apelos...
Minha intenção já não basta. Minha fé não me convence mais.
Onde te perdi?
Onde foi que dissolvi minhas vontades próprias e transformei-as em contradições pessoais e conflitos internos? Onde?
Este desespero constrangedor só leva a um estado profundo de cansaço.
É como se a guerra acabasse de ser perdida e nada mais pode ser feito.
… lá fora tudo esta estático.
A dor já ultrapassou o limite da carne e agora domina a minha toda a mente.
Faço um louco esforço para manter o controle. Em vão.
Desejo com todas as forças que tudo mude de novo. Imploro até!
Lagrimas já não consolam o tudo inconsolável...
Levanto-me lentamente. Limpo meus pés e observo a direção do vento.
Numa ultima tentativa grito seu nome. Em vão.
Permito-me prantar mais... e acalmo-me.
Acolho meus devaneios e deixo (finalmente) você livre para partir de mim.
Olho de novo lá fora e um novo dia sorri.
Apago as luzes e fecho os olhos.
Toco meu corpo e vivo de novo!


Nota da autora: após longos analises de relacionamentos vazios, pude escrever serena e calmamente os cinco estágios de uma pessoa que fracassa diante do amor. Não usei apenas á mim como exemplo, mas a muitos seres que se permitem consumir por tal sentimento.






sábado, 26 de fevereiro de 2011

haicais em Vidráguas


I
Colho mel do dia
teus versos me perfumam
os espinhos voam
II
Flores fátuas
reflorescem ao fogo
pétalas no dia
Haicais – Carmen Silvia Presotto
www.vidraguas.com.br

Hey, entrem lá em Vidráguas e participem.

Beijos e bom final de semana.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Quais?

Nem sempre o sol esta voltado para aqueles que precisam
E quase nunca a lua traz o alívio
Certas vezes achava que o sol significava a felicidade
Dias de sol sempre foram mais alegres
Mas hoje gosto dos dias nublados
São mais preguiçosos, mas são mais intensos talvez

O mundo muitas vezes, o universo talvez
Nos mostra o tal caminho "certo"
A partir do "erro" que posteriormente se torna um "acerto"
Não importa como começamos muitas coisas, projetos....
Mas sim como finalizamos
Então nada mais importa a não ser o que me importa

Sem rimas, sem regras poéticas...
Alias nem sei como são
Mas aprendo, quero aprender, "o que eu quero eu vou conseguir"
Assim as coisas acontecem, ou não acontecem;
Mas dever ser assim, pois devemos saber que todos temos deveres
Mais quais são eles?

Engano (II) - As cinco ilusões do amor


Pensei que amar bastasse...
Engano-me nesta doce ilusão e nas promessas mal feitas.
Engano a mim somente. Mais ninguém.
Se amar basta, porque ainda espero?


Porque te quero mais e vivo por este querer?
Adormeço sozinha aos prantos. Acordo só. Estática.
Meus dias fazem-se demorados e tenebrosos como as histórias mal contadas e os sonhos mal vividos.
As vezes você se aproxima, silencia e se afasta.


Você contagia, ilumina, apaga.
E eu que pensei que amar bastasse...
Mas não basta seu “boa noite” e suas gentilezas necessárias.
Não basta seus sorrisos e os instantes roubados por eles.


Não basta estar contigo, pois mesmo assim corro perigo.
E não há possibilidades que possam mudar os fatos.
Nem seus sorrisos não são meus, pois suas gentilezas são dons seus.

Então nada basta, pois seu “boa noite” é meus adeus.


Agora eu sei que amar já não basta...
Não basta estar por perto e sentir seu cheiro pairando no ar.
Não basta dividir o mesmo espaço e a mesma rima de palavras.
Não basta mais ver você ali tão perto e tão distante de mim.


Por este instante, nada mais basta!
Nem sua existência.
Nem a minha.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Espera (I) - As cinco ilusões do amor


Você esta logo ali e mesmo assim eu me afundo em inércia.
Despedaço-me em incertezas e corro para longe com medo como o guerreiro Gnu*.
Sou presa fácil. Nem presa sou!
Olho para o lado (e quem não olharia?) e disfarço de mansinho.
Aos prantos adormeço afogada ao medo e longe de seus carinhos.

Lembro-me do começo... (faço uma aposta?) de seus olhos quase fechados.
Olhos que olham para o tudo, menos para mim. Talvez nem olhem...
Descontinuo sem manobras. Por horas fujo, por outras me desconheço.
Em alguns momentos desapareço. Morro e sei que isso é só o começo.

Olhe para mim. Olhe mais de perto.
Encontre motivos. Faça-se presente.
Esteja apenas... aqui.
E você (inocente e sutil) continua ali… onde todos estão.

Onde as possibilidades te abraçam e beijos nada puros te desejam.
Estas nu diante de presas fáceis. Consolos distintos.
Garoto... o amanhã é tão cruel como sua instigante presença em minha vida.
Aprendi com o som do seu sorriso e o brilho de seu olhar. Aprendi a não te esperar.

Não esperar nada além de suas mãos macias tocando meus pés de leve.
Por um ou dois intermináveis minutos...
Só assim aproveito e mesmo sem jeito toco sua mão com a minha.
E por não saber disfarçar e logo me entregar invento mais uma desculpa para mais uma vez te deixar.



“Se mil esperar devolvessem meu sono, se me tirassem do abandono,
ai sim acreditaria ser possível de esquecer. Esquecer o que antes e agora inundou meu ser”


*Nota especial: Gnu é um grande mamífero do gênero Connochaetes que vive no continente africano. É da família dos bovídeos. Pode correr até 80km/h para fugir de seus inimigos.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Miércules

Assim, meio sem saber
qual o sentido ou a direção,
sigo,
seguimos,
todos irmãos,
contemporaneos da mesma existência.
o que vai vir,
vir vai.
o que? não sei,
não sabemos.
vivemos pelo presente
pelo presente que não se apresenta,
pensamos no amanha
sentimos saudade do ontem
e não lembro do momento
em que nos libertamos dos desejos.
escravos os reis?
a existência liberta?
tenho certeza que sim,
mas não tenho certeza de como.
o método é uma incógnita.
a escuridão se alastra,
na ausência de luz, infinita.
onde é o fim?
tem fim?
não deveríamos se preocupar com o amanha,
porque o amanha nunca chega,
é no hoje que nascemos,
é hoje que vivemos
e hoje que vamos morrer.
tristeza ou alegria são formas de encarar,
a realidade é uma só
o que nos diferência são pontos de vista,
mentiras em que acreditamos
para dar sentido ao que não tem.
dor e prazer são dois lados de uma mesma moeda
cunhada de vazio.

"Nada sei"