Resposta: por Gabriela de Oliveira
Há pouco mais de dois anos eu me tornei vegetariana. Foi um momento de compaixão, de olhar para o próximo e me importar com sua dor sem me importar se era ou não da mesma espécie que eu. E eu me sinto muito bem por ter feito tal escolha.
Nesses dois anos de escolha pessoal, eu já ouvi todo tipo de piadinha e falta de respeito que fosse possível. Sim, eu já ouvi tudo quanto é tipo de coisa, desde: “mas os animais existem para nos servir,” até “deus permite que comemos animais, então não é errado.” O pior de tudo é que, em 99% das vezes, a pessoa me perguntava o porquê de eu ser vegetariana e, após minha resposta, dizia que eu era exagerada, radical e que estava tentando convencê-lo a não comer carne, sendo que o próprio me convidava para churrasco dizendo: “se você provar o meu churrasco, deixará de ser vegetariana.”
Quando se faz algo diferente do que a maioria faz, é normal ter essa resistência, o tal medo das coisas novas. Mas há pessoas que, mesmo não concordando comigo, discutiam numa boa, argumentavam seus pontos de vista e a coisa acabava ali. Em contra partida, tenho amigos com quem nunca debati o porquê, eles sabem que eu não como carne e conversamos sobre tantas outras coisas que se há para conversar no mundo.
Mas o que realmente me faz escrever esse texto é algo que aconteceu nessa última semana. É um belo dia em que eu acesso a rede social, como todos os dias. Mas neste dia, deparei-me com o texto de um amigo, que não tinha a intenção de ofender ninguém, mas ofendia muita gente. O texto não apenas mostrava claramente a sua opinião sobre o consumo de carne, mas ofendia qualquer vegetariano ativista. Sentir-se irritado por postagens acerca do vegetarianismo? Pois eu leio quase todos os dias que as pessoas estão planejando churrasco, estão comendo churrasco, que amam bacon e não me incomodo com isso a ponto de fazer um texto dizendo que eles parecem religiosos pelo consumo desenfreado de carne.
Ao ser criticado por tal texto, deixou claro que quem o criticou era estúpido, pois não havia entendido o tal texto; foi pedido, então, uma explicação, já que o texto foi mal interpretado, mas a resposta do autor foi de que estava tudo muito bem explicado, era só ler o texto. Em primeiro lugar, qualquer um que escreve um texto de opinião deveria ser maduro o suficiente para aceitar as críticas e, quem sabe, tentar mesmo explicá-las. Teve direito a resposta e se recusou a dar tal resposta. Por quê? É uma boa questão. Mesmo sabendo que seus amigos vegetarianos não tinham gostado do texto e o tinham criticado, não deu a menor bola a este detalhe. Só depois foi fazer-se de vítima para afirmar que se sentiu traído, mas claro, é fácil não aceitar as críticas, recusar-se a dar respostas, sequer vir pedir desculpas e depois fazer de conta que não fez nada, que era um texto inocente.
Talvez a intenção de tal texto fosse mesmo inocente, mas de boas intenções o inferno está cheio, como diz o conhecido ditado popular. Se foi mal interpretado e ainda considerava os vegetarianos amigos, porque não medir as palavras e explicar o mal entendido? Confesso que era essa a atitude que eu esperava, mas que não veio.
Ser vegetariana não é a coisa mais importante do mundo pra mim. A maioria dos meus amigos e todos os meu familiares são adeptos do churrasco de todo domingo e eu sento na mesa com eles. E este texto trata-se apenas de uma resposta do porquê eu ter enviado o texto do onívoro para uma página vegetariana e para que aprendam a receber críticas e pedir desculpas antes de se fazerem de vítimas por compartilharem de um ato que é aceito pela maioria das pessoas desse planeta.
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