domingo, 5 de setembro de 2010

O dia que eu te dei adeus

Nota inicial: para minha mãe

01/01/2008
00:23

Uma mão dá um adeus de leve...
Lagrimas rolam de olhar tão orgulhoso.
Meu corpo se move lentamente para longe, para o nunca, para o fim.
Meus passos pesam e quase impedem que eu saia do lugar, mas seu choro me empurra para qualquer direção; para um futuro bom.
Um dia ele também te deixou, mas hoje sou eu quem se afasta de mansinho e lhe dá as costas; sou eu que te deixo sozinha na porta.
O mundo me chama, palavras me conduzem, meus sonhos me aguardam...
Hoje um doce adeus me tirou o chão para que eu possa ganhar o mundo.
Ela sabe que não será fácil para mim. Ela sabe de meus medos. Ela sabe que corro perigo; mas ela arriscou, pois ela sabe onde posso chegar e ela viverá para que isso aconteça.
Eu deixo pra trás amigos, liberdade, aconchego. Levo esperança, garra, fome.
Levo menos do que deveria, mas mais do que posso carregar.
Algumas portas se fecham atrás de mim e já vejo todas se abrindo na minha frente.
Sei que nem todas poderei entrar; nem todas querem meu bem; nem todas me aceitarão.
O começo é difícil, mas o fim será sublime; não temo os meios.
Uma nova era surge a minha frente. Já posso encarar meus demônios ou respeitá-los mais. O caminho começa a ser trilhado e já guardo milhões de pedras.
Anjos e mensageiros dividem as horas, mas é ela que de longe reza por mim.
Os dias passarão depressa como as lágrimas que rolam em nossos rostos, como as dores que consomem nossa carne.
Este é o começo de uma história, de um conto, de uma lenda.
Ela ainda contará para você!

Nota final: faz mais de cinco anos que estou longe de casa. Parece que foi ontem... minha mãe sempre me espera; ainda lembro a expressão de rosto.